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A palavra anorexia origina-se de “orexis” que significa apetite e o prefixo “an”, que significa falta de privação. O termo anorexia nervosa foi criado pelo médico William Gull. O quadro clínico foi descrito pela primeira vez por Richard Morton, em 1694.Embora este quadro clínico venha sendo observado nos tempos atuais, não é uma entidade nova, pelos menos 2 “surtos” já foram descritos, o primeiro na Idade Média e o segundo no século XIX.

A motivação, que atualmente discute-se que pode ser o ideal estético representado pelas modelos já foi outro, como a busca pela santidade e pureza. Várias santas apresentavam períodos prolongados de jejum ou restrição alimentar severa, isolamento, hiperatividade, perfeccionismo e vontade de atingir um ideal. Tome-se, por exemplo, os seguintes casos:
 
 . Santa Catarina de Siena (1347-1380): ingeria um pouco de pão e vegetais.
 . Santa Maria Madalena de Pazzi (1566-1607): que aos 16 anos adotou este nome em homenagem à Maria Madalena que teria jejuado por 33 anos após a crucificação de Jesus.
 . Santa Liduina (1380-1433): alimentava-se diariamente apenas com um pedaço de maçã, outro relato diz que só se alimentava da “Sagrada Comunhão”.
 . Santa Wilgefortis (119- 139): era filha do rei de Portugal, fazia jejuns prolongados, vomitava quando ingeria algum alimento, apresentou hirsutismo e acabou sendo crucificada por ordem de seu pai, como castigo.
 . Santa Verônica (1660-1727): comia apenas uma vez por semana (sexta-feira), e somente cinco sementes de laranja.  
 . Santa Rosa de Lima (1586- 1617): fazia jejum 3 dias por semana e nos outros se alimentava apenas com um pouco de mel misturado a ervas amargas. A clorose ou “Doença verde” foi descrita em 1554 por Lange e pode ser considerada como o segundo “surto” que referimos anteriormente. O quadro clínico consistia em palidez, cansaço, irritação, fraqueza, constipação, irregularidade menstrual e repulsa aos alimentos, o que ocasionava um importante emagrecimento.

Abaixo apresentamos os critérios da Associação Americana de Psiquiatria (APA 2014)  para diagnosticar Anorexia Nervosa:

A. Restrição de ingesta calórica em relação às necessidades, levando à um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Peso significamente baixo é definido como um peso inferior ao peso mínimo ou, no caso de crianças e adolescentes, menor do que o minimamente esperado.
B. Medo intenso de ganhar peso ou engordar, ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significamente baixo.
C. Pertubação no modo como o próprio peso ou forma corporal são vivenciados, influência indevida de peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual.

BULIMIA NERVOSA

A palavra bulimia origina-se de “bous” (boi) + “limos” (fome). A bulimia acomete entre 1 e 3% das mulheres jovens; de todas pessoas com o diagnóstico 4-13% são homens. Ela inicia mais tarde que anorexia e as pessoas acometidas geralmente apresentam peso normal ou história de sobrepeso. A primeira descrição de caso foi em 1979, feita por Gerald Russell, no entanto há registro das virtudes do ato de vomitar descritas, por exemplo, no Papiro de Eber, da época do antigo Egito (1979). Heródoto refere que o egípcios costumavam vomitar ou usar purgativos por três dias consecutivos todos os meses, por acreditarem que todas as doenças provinham da comida. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, prescrevia a indução de vômitos, por dois dias consecutivos mensalmente. Também é bem conhecido o fato dos romanos que conceberam o vomitorium, que era usado nos banquetes, para permitir a ingestão de grandes quantidades de alimentos. Quanto ao quadro clínico, a compulsão periódica precede os vômitos em um ano. Pode haver, concomitantemente, dependência álcool, história de furtos e instabilidade emocional.

Abaixo os critérios utilizados para o diagnóstico de Bulimia Nervosa, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA 2014)

A. Episódios recorrênctes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos:

 (1) Ingestão, em um período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes.
 (2) Sensação de falta de controle sob a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto está ingerindo).

B. Comportamentos compensatórios inapropriado recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxante, diuréticos ou outros medicamentos; jejum, ou exercícios em excesso.
C. A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana, durante três meses.
D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporal.
E. A pertubação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa.

Referência:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Referência Rápida aos critérios diagnósticos do DSM-5. Porto Alegre: ARTMED; 2014.

 

 

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