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Embora possamos pensar que o interesse pela sexualidade humana é uma preocupação atual, esta área foi foco de estudo de Hipócrates e Galeno na Idade Antiga, Avicenna e Maimônides na Idade Média e, em 1905 Sigmund Freud escreveu “Três ensaios sobre a sexualidade”. Kinsey lançou em 1948 o livro Sexual Behavior in the Human Male; Masters & Jhonson, lançaram o livro Human Sexual Response em 1966.

O sexo é importante?

Em um estudo conduzido por Carmita Abdo (2004), com um total de 7103 sujeitos, a maior parte dos homens 54,6% e quase a metade das mulheres 45,4% consideraram o sexo importante para a harmonia do casal.

No que diz respeito a dificuldade sexual, esta amostra de 2837 mulheres encontrou esta queixa em 28,5% das entrevistadas.

Quais são as disfunções sexuais?

Atualmente o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-IV (APA, 2014) classifica as disfunções sexuais da seguinte forma:

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As disfunções sexuais podem ser classificadas, ainda como:

· Disfunção sexual devido a uma condição médica geral.

· Disfunção sexual induzida por substâncias.

· Disfunção sexual sem outra especificação.

Antes de examinarmos as disfunções sexuais, vamos revisar o ciclo da resposta sexual, que compreende as seguintes fases:

Desejo: fantasias e desejos relacionados ao ato sexual.

Excitação: Sentimento subjetivo de prazer sexual acompanhado de reações fisiológicas.
Orgasmo: (Platô): Clímax do prazer sexual.
Resolução: Sensação de relaxamento e bem-estar geral.

Passamos agora às disfunções sexuais;

Vaginismo:

Este quadro clínico foi descrito em 1834 por D.K.Huguier; no entanto o termo vaginismo foi cunhado pelo ginecologista americano John Marion Sims, em 1862.
Os critérios diagnósticos para o vaginismo estão apresentados a seguir:

O vaginismo pode ser classificado em:

· Vaginismo ao Longo da Vida (primário): quando a mulher nunca consegue suportar a penetração, ocorre sempre que inicia uma relação sexual ou durante o primeiro exame ginecológico.
· Vaginismo Adquirido (secundário): a mulher passa a desenvolver essa condição após um trauma ou a uma condição médica geral.

Dispareunia:

Dys (dificuldade) + pará (ao lado de) + eun (leito matrimonial). É a dor na relação sexual. Entre os sujeitos pesquisados por Abdo (2004), 17,8% das mulheres e 4,5% dos homens apresentaram esta queixa. 30% – 40% das mulheres com dispareunia apresentam patologia pélvica, por exemplo restos himenais infectados, mioma, endometriose, cicatrizes de episiotomia, cervicite, vaginites, Bartholinite ou redução da lubrificação vaginal. Nos homens, a dispareunia tende a ter uma causa orgânica, por exemplo a doença de Peyronie. Os critérios diagnósticos são os seguintes:

Transtorno do orgasmo feminino:

Voltando ao estudo de Abdo (2004):
· 37% das entrevistadas referiam ter só orgasmo clitoridiano;
· 63% das entrevistadas também tinham orgasmo vaginal;
Nota-se que o orgasmo clitoridiano e o vaginal são fisiologicamente idênticos e que a incidência de orgasmo aumenta com a idade. O transtorno do orgasmo feminino também é classificado como 1) ao longo da vida ou 2) adquirido.

Ejaculação precoce:

Afeta 25,8% dos homens.
O transtorno do orgasmo feminino também é classificado como 1) ao longo da vida ou 2) adquirido.

Disfunção erétil:

Disfunção erétil = “incapacidade de um homem obter e/ou manter uma ereção suficiente para obter um desempenho sexual satisfatório ”OMS” Atinge cerca de 150 milhões de homens em todo o mundo. Mais de 50% dos homens na faixa etária entre os 40 e os 70 anos têm probabilidade de sofrer de Disfunção Erétil. Em homens jovens e de meia-idade a causa costuma ser psicológica. Entre as causas orgânicas encontram-se Insuficiência cardíaca, varicocele, diabete, hipertireoidismo, Parkinson, esclerose múltipla, fratura pélvica, cirrose, doença aterosclerótica, aneurisma de aorta, acromegalia, neoplasia/trauma medula espinhal, prostatectomia perineal, doença de Peyronie, caxumba, etc. Tratamento medicamentoso da disfunção erétil: entre os fármacos utilizados encontramos: Iodenafila (Helleva ®), Vardenafil (Levitra ®), Sildenafil (Viagra ®) e Tadalafil (Cialis ®). Costuma ocorrer uma mudança no comportamento de busca por sexo, isto é: Homens com parceira não iniciam carícias, isto é, evitam o contato físico, enquanto os homens sem parceira não procuram e evitam parceiras potenciais. Esta mudança de comportamento é influenciada pela seguinte questão:

“Para que iniciar uma coisa que não vou terminar ?” Esta e outras distorções cognitivas devem ser avaliadas e corrigidas.
Não devemos esquecer que as alterações comportamentais dos homens podem ocasionar crenças distorcidas da parceira, tais como:
“Eu não sou mais atraente”
“Ele não me ama mais”
“Ele tem outra”

Inibição do desejo sexual:

Ocorre em 8,2% das mulheres ; 2,1% dos homens.

Sexo compulsivo:

Dados epidemiológicos informam que 3 – 6% dos adultos (USA) são acometidos. Mais homens do que mulheres são diagnosticados, há que se perguntar se isto ocorre por que é mais prevalente no sexo masculino ou se as mulheres procuram menos o tratamento. Antigamente era chamado de Ninfomania ou “furor uterino” quando apresentado por mulheres e Donjuanismo ou Satiríase (Satyros, semideus devasso, que habitava as florestas) quando atingia os homens. Este é um transtorno raro quando primário. Pode ser secundário, isto é, quando faz parte de outros quadros clínicos como: mania, demência, esclerose múltipla, uso de agonistas dopaminérgicos (tratamento do Parkinson) e epilepsia. O impulso para o sexo é crônico, a pessoa fica com a sensação de perda do controle. Na maioria das vezes há orgasmo, havendo sensação de excitação que acompanha o ato de busca sexual. O aumento da necessidade sexual pode ocorrer em períodos de estresse, irritação, depressão, ansiedade e disforia. Há a presença de culpa ou remorso após os atos, mas isto não é suficiente para impedir sua recorrência. Conforme o quadro clínico vai evoluindo, há prejuízo social, profissional e conjugal. O sujeito procura múltiplos parceiros e casos extraconjugais; estes parceiros podem ser anônimos ou envolvidos com prostituição. A pessoa pode fazer uso exagerado de sites e material pornográfico, evita o envolvimento emocional nos relacionamentos sexuais. Pode haver masturbação excessiva, envolvimento em sexo sado-masoquista ou exibicionismo.

Engajar-se na relação sexual pode ser a forma que o sujeito usa para aliviar sentimentos negativos como solidão, tristeza, ansiedade ou stress. O comportamento continua, apesar dos riscos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e perda de relações significativas.
Existem grupos de ajuda mútua para auxiliar os portadores, como o Sex and Love Addicts Anonymus, fundado em Boston em 1976. No Brasil há o grupo Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (DASA) fundado em 1993.

Referências:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Referência Rápida aos critérios diagnósticos do DSM-5. Porto Alegre: ARTMED; 2014.

Abdo, Carmita. Estudo da vida sexual do brasileiro (2004). Ed. Bregantini.

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