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O que é ?

Sabemos que a ansiedade é uma emoção normal e muito importante para a nossa sobrevivência, tanto individual quanto como espécie. Este sentimento faz parte da experiência humana, e funciona como um sinal de alerta que nos faz ficar atentos e nos prepara para lutar ou fugir em uma situação de perigo. O problema é quando a ansiedade ocorre de forma desproporcional, isto é, sem que a nossa integridade física ou psíquica esteja em perigo.
No Transtorno de Estresse Pós-Traumático, houve uma situação na qual a pessoa percebeu de fato sua integridade ameaçada, ter ficado ansioso no momento da exposição ao perigo real ou após, por um período de tempo limitado seria esperado, o problema é que, embora a ameaça tenha passado (há meses ou até anos), a pessoa segue com sintomas intensos de ansiedade.
O termo Transtorno de Estresse Pós-Traumático foi cunhado e inicialmente era aplicado aos militares que haviam sido expostos à experiência de uma guerra, isto é, ex-combatentes que tinham dificuldades quando retornavam para suas casas, seguiam revivendo situações da guerra e apresentando sintomas psíquicos que prejudicavam sua readaptação e causavam sofrimento. Atualmente, com o aumento da violência urbana, populações civís estão expostas a situações que desencadeiam episódios de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (Kapczinski, 2008).
O indivíduo após a experiência traumática apresenta revivências do trauma, lembrando-o através de sonhos, imagens ou flashbacks. As imagens são vívidas, como se estivesse vivendo novamente a situação, o que causa muito sofrimento. Com o objetivo de evitar o sofrimento a pessoa começa a evitar as situações que possam desencadear lembranças do trauma e evitam falar sobre o mesmo.  Os eventos traumáticos podem ser situações de combate, sofrer agressão física ou sexual, assalto, roubo, sequestro, atos terroristas, ser refém, ser submetido a tortura, vivenciar catástrofes naturais, ser prisioneiro de guerra ou campo de concentração, sofrer acidentes automobilísticos, receber diagnóstico de doença muito grave, embora outras situações possam ser incluídas, inclusive envolvendo terceiros (APA, 2014).
O início dos sintomas pode não ocorrer imediatamente após a situação traumática,podendo em algumas situações decorrer meses entre a experiência desencadeadora e o aparecimento dos sintomas.
A gravidade da situação, sua duração e proximidade são os fatores mais importantes para o desencadeamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
É classificado como agudo o Transtorno de Estresse Pós-Traumático no qual os sintomas têm uma duração inferior a 3 meses. Crônico quando a duração é superior a 3 meses e de início tardio, quando o início dos sintomas só ocorre após 6 meses do evento traumático.
Quantas pessoas são afetadas?
Segundo a APA (2014), em população consideradas de risco, como veteranos de guerra, pessoas de áreas afetadas por erupções vulcânicas, ou o que afeta mais o nosso país, pessoas expostas a violência criminal, as taxas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático oscilam entre 3 e 58%.
Como é feito o diagnóstico?
Os critérios diagnósticos, conforme a American Psychiatric Association são os seguintes (APA,2014):


F43.10 – 309.81 Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Nota: Os critérios a seguir aplicam-se à adultos, adolescentes e crianças acima de 6 anos de idade.  Para crianças com menos de 6 anos, consulte os critérios correspondentes à seguir.

 A. Exposição a episódio concreto de ameaça ou morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:

 (1) Vivenciar diretamente o evento traumático.
 (2) Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas.
 (3) Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de espisódio concreto ou ameaça de morte envolvendo familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental.
 (4) Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil).
  Nota: O critério A4 não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.

 B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência:
 (1) Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático.
 Nota: Em crinças acima de 6 anos de idad, pode ocorrer brincadeira repetitiva na qual temas ou aspectos do evento traumático são expressos.
 (2) Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o sentimento do sonho estão relacionado ao evento traumático.
 Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável.
 (3) Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nos quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um continuum, com a expressão mais extrema na forma de uma perda completa de percepção do ambiente ao redor).
 Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer na brincadeira.
 (4) Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
 (5) Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
 C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:
 (1) Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
 (2) Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas atividades, objetos, situações) que despertam recordações, pensamentos ou sentimentosangustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
 D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
 (1) Inapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool ou drogas).
 (2) Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo (p. ex., “Sou mau”, “Não se deve confiar em ninguém”, “O mundo é perigoso”, “Todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre”).
 (3) Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências do evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros.
 (4) Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha).
 (5) Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas.
 (6) Sentimento de distanciamento e alienação em relação aos outros.
 (7) Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor).
 E. Alterações marcantes na excitação e na atividade associativa ao evento traumático, começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
 (1) Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expçressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos.
 (2) Comportamento imprudente ou autodestrutivo.
 (3) Hipervigilância.
 (4) Resposta de sobressalto exagerada.
 (5) Problemas de concentrações.
 (6) Pertubação do sono (p. ex., dificulade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado).
 F. A pertubação (Critérios B, C, D, e E) dura mais de um mês.
 G. A pertubação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
 H. A pertubação não se deve aos feitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento, álcool) ou a condição médica.

Um dos tratamentos preconizados é a Terapia Cognitivo-comportamental, que pode ser utilizada combinada com psicofárma.
Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Referência Rápida aos critérios diagnósticos do DSM-5. Porto Alegre: ARTMED; 2014.
 

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